Esta vida que teimamos em levar na realidade não tem lógica nenhuma. É através da lógica que os homens mantem as suas vidas longe do Céu, longe da sua Conexão, da sua espiritualidade. Tudo começa com esse formato mental, arcaico e enraizado. O ser humano é ensinado, formatado para que tudo tenha que ter uma lógica. E uma lógica baseada na mente, na ciência, em fatos que podemos provar e comprovar muitas vezes sem fim. E como cada vez vivemos mais distanciados da espiritualidade, essa lógica é cada vez mais dominante em todo o mundo... e em nós próprios.
Ora bem, vamos começar pelo princípio... Quem nos traz essa lógica é o ego. O ego tem como função dominar, controlar e evitar que nos “deixemos simplesmente ir”. O ego é aquela voz na nossa cabeça que fala, fala, fala, no sentido de nos fazer ficar cada vez mais aqui em baixo, na matéria. O ego não sonha. O ego não vibra. Quem sonha, quem vibra, é a Alma.
E porque obedecemos tanto à voz do ego? Porque é uma voz que fala dentro da nossa cabeça. A Alma não fala. A Alma faz-nos sentir.
– Não pode fazer isto, não pode fazer aquilo, isso não tem lógica nenhuma!
Para o ego até as emoções deveriam ter uma lógica.
– Está chorando porquê? Não tem motivo nenhum para estar aí chorando! Pare agora!
E assim o ego vai nos “educando”, pois vamos acreditando mesmo que na vida tudo tem que ter lógica, e vamos ficando extremamente
racionais. Chega um momento em que o hemisfério direito do cérebro, diretamente ligado ao lúdico, às emoções, começa a diminuir a sua atividade, deixando-nos em desequilíbrio cerebral.
Ora a vida, essa grande professora, não é racional. Não é científica e não deixa que a provem e comprovem. A vida é baseada em energia, a mesma matéria-prima da nossa Alma. Nós somos feitos de energia, tal como a vida – como felizmente já conseguiu provar a física quântica. E sim, temos uma lógica completamente energética chamada intuição, perceção, Conexão. Somos seres sensoriais. Se autorizarmos esta nova lógica a guiar a nossa vida, num curtíssimo espaço de tempo estaremos tranquilos, felizes e em paz.
Mas o ego não deixa. Faz-nos acreditar que tudo tem que estar provado e comprovado, definido e esquematizado. Dentro da sua lógica mental. Mesmo quando as evidências são imensas, mesmo quando conseguimos reproduzir uma experiência intuitiva sem contar quantas vezes, fazendo como a ciência exige, o ego entra e argumenta:
– Carece de provas científicas.
Quando começa a perceber que estamos obstinados em fazer vingar este formato egoico-mental, começa a brindar-nos com obstáculos, perdas e retrocessos. E quando vem as perdas, a voz na cabeça insiste:
– Fez pouco, anda se deixando levar por essas coisas das energias! Tem que se dedicar mais à nossa lógica, como eu ensinei! Definir objetivos concretos! Nunca desfocar deles! A felicidade só vem depois, quando tiver cumprido isso tudo a que se propos!
E lá vai a pessoa correr mais um pouco, racionalizar mais um pouco, exigir-se mais um pouco. E a Alma adiada, fica esperando... Adoecendo por falta de atenção. E mesmo quando as perdas começam a vir seriamente, perda de emprego, família, amigos, a voz continua teimando:
– É a crise. Não fez nada de errado! Continue correndo! Não é feliz? Ninguém é! Corra mais!
E nós obedecemos. Ficamos doentes, mas obedecemos. Perdemos filhos, relações, mas obedecemos. Acreditamos que é assim mesmo. Até um dia. O tempo passou, o corpo está exausto, a Alma está infeliz. E nós ainda nem sequer nos lembrámos que podíamos dizer à voz:
– Cale-se! Não está dando certo! Essa sua lógica talvez não seja a minha. Talvez você não seja eu! Deixe-me fazer as coisas da minha maneira, uma vez na vida!
É a isso que eu chamo “o fenómeno do despertar”. Quando a pessoa ainda não sabe como vai ser, mas já sabe que não pode mais ser assim.
É aí que começa a verdadeira busca.