Em relação à fragilidade, ainda hoje, às vezes, fico espantada com as coisas que vou descobrindo acerca de espiritualidade e evolução. Fico espantada porque noto que o que aprendemos com os adultos na nossa infância e adolescência é o oposto do que a vida depois irá pedir-nos. E quando crescemos, já estamos tão viciados nos comportamentos que nos ensinaram, que acabamos ensinando as nossas crianças a fazer o que aprendemos, perpetuando assim os comportamentos errados a nível espiritual e energético. Como chorar, por exemplo.
Ensinam-nos que devemos ser fortes e que chorar é uma fraqueza. Ensinam-nos que as emoções não têm tanta importância assim, e que devemos ser lógicos. E a vida pede o oposto disso! Pede fragilizadade. Pede que façamos cada luto das perdas que temos, da mais ínfima à maior.
Tudo é mesmo o contrário! E como estamos sempre tentando ser fortes, seguir a lógica da mente, não conseguimos dar o que a vida pede, e… aí vem mais perda.
Eu costumo dizer que sou terapeuta, mas a vida é uma terapeuta muito mais poderosa. Mais precisa. Mais rude. Porque para a vida, ou vai ou racha. Exemplo: Uma das coisas que a vida nos obriga, é a fragilizar. E por quê? Fragilizar é entrar em contato com as nossas emoções. E entrar em contato com as nossas emoções é priorizar a nossa alma.
Tudo tem que ter lógica. O ego é um sistema de sobrevivência que já vem desde o tempo das cavernas - era o ego que fazia os homens das cavernas pensarem pela lógica para sobreviverem. Era a lógica que os fazia caçar, pescar, aquecer-se. As emoções não lhes traziam sobrevivência. Até aqui está tudo certo. Só que hoje, todo o corpo sutil do ser humano já está mais avançado, a alma está mais desperta, e quer manifestar-se. E ela só se manifesta pelas emoções. E como o ego quer sempre dominar pela lógica, pela mente, tenta matar as emoções… sem perceber que está tentando matar a alma. E por isso é que é tão importante equilibrar.
Enquanto na época das cavernas não era preciso equilibrar nada, porque o ser humano ainda estava numa fase muito inicial da sua evolução, agora, com o passar do tempo vai pedindo novos passos, vai pedindo novas etapas. Agora, o que está sendo pedido é realmente este equilíbrio. Por isso tanta literatura acerca da alma, acerca da espiritualidade, acerca da conexão. Porquê? Porque precisamente agora está na hora do ser humano pôr o ego um pouco de lado - porque o ego tem sido muito exacerbado nos últimos tempos, nos últimos milénios – e equilibrar com a alma.
Quem é que sente? É a alma. A alma não pensa, ela sente. Basta uma pessoa não aceitar fazer esse processo de fragilização, que vai começar a atrair alguns eventos negativos, para obrigar fragilizar, para obrigar a sentir. Qual é a melhor forma de deixar de atrair os eventos negativos? É fragilizar, isto é, é viver com as emoções. As pessoas que vivem com a emoção à flor da pele atraem menos eventos negativos. Por quê? Porque já não é preciso. A vida não pede mais para fragilizar, porque a pessoa já está fragilizada.
Quanto mais nós nos fragilizamos, mais percebemos que não é tão ruim, não é tão ruim estar sensível. Pelo contrário. É um dom. É muito bom. Quando a pessoa está sensível, ela consegue sentir-se. E não há nada que faça a vida ter mais sentido do que uma pessoa conseguir sentir-se.