O ser humano traz, na sua natureza, uma necessidade de sobrevivência, e essa é a condição humana para conseguir estar na Terra. Ele sabe que tem que comer, sabe que tem que se abrigar, sabe que tem que se reproduzir.
E o responsável por essa sobrevivência é o ego. E o ego é o que nos faz priorizar a matéria, é o que nos faz achar que somos matéria em vez de energia, faz-nos achar que somos separados, faz-nos achar que não fazemos parte de nada.
É essa sensação de não fazer parte de nada que nos traz o vazio interior. E na esperança de tapar esse vazio interior, fazemos tudo o que está ao nosso alcance para ter a sensação de que somos especiais. Para ter a sensação de que somos únicos.
No fundo, estamos certos. O que faz de cada um de nós seres únicos é a capacidade especialíssima da nossa Alma. Os egos querem todos a mesma coisa: sobreviver da forma mais segura possível. As Almas querem amor. Querem ser únicas, especiais. E essa unicidade da Alma é o que nos aproxima do Céu, da Grande Luz e dos grandes êxtases na Terra.
A nossa unicidade é o sagrado que mora em nós.
Só fazendo escolhas que nos tornam únicos é que estaremos abrindo o canal para podermos conectar-nos com o divino, com o mundo invisível.
Só que essa unicidade, em vez de ser vivida como uma relação com o Céu, como uma relação com a Grande Luz, como uma relação com todo este êxtase, todo este bem-estar que a Luz pode dar – e que só a Alma consegue sentir – é vivida com o ego. O ego prende- -se à Terra, à densidade, e vai lá ao fundo da matéria buscar a competição, o poder, o domínio e a imunidade. E o ego vai tentar convencer-nos de que essas quatro coisas vão nos fazer sentirmos seguros.
Na realidade, este vazio interior que trazemos necessita de Luz, necessita de “moléculas de sagrado”. E o nosso ego, como é muito básico, acha que ele necessita de competição, poder, domínio e imunidade.
O que acontece? Essa sensação de poder é ilusória porque logo a seguir a pessoa vai acabar atraindo o oposto, a impotência. E o medo da impotência, da fragilidade, é tão grande, que faz com que a pessoa cada vez queira mais poder, cada vez queira mais domínio, cada vez queira mais imunidade, cada vez queira mais coisas de fora dela própria para tapar o seu vazio interior.
Na realidade esse vazio interior só é preenchido quando o ser humano consegue entender que ele não é mais do que um interface entre a Luz e a sombra, e que a nossa última missão como humanidade é trazer a Luz à Terra, a esta densidade tão profunda.
Na realidade somos visitantes iluminados que viemos aqui em baixo trazer a Luz e elevar a energia da matéria, que já é tão densa. Por isso, quanto mais nós rejeitamos tudo o que é violência, no sentido de prescindir da imunidade, prescindir do poder, prescindir do domínio, quanto mais prescindimos de tudo o que utilizamos fora de nós por segurança, maior a possibilidade de acordarmos a nossa Alma que no fundo só quer ser Luz. A nossa Alma só quer ter a noção de que é Luz, só quer ter a sensação de ser Luz, apesar de aqui em baixo estar rodeada de densidade.
A vida não é mais do que a materialização da energia que emanamos.
Por isso, quando a pessoa consegue escolher a Luz, quando consegue escolher Ser Luz – e quanto mais escolhemos, mais aprendemos a escolher mais alto e por mais tempo –, a vida começa, devagarinho, a realmente transformar-se em Luz.
Como Jesus, mais uma vez, ensina:
– Cabrita, estas são as formas opostas de olhar para a questão:
O seu ego lhe diz: – Se nada de mal lhe acontecer, o seu vazio vai desaparecer.
E a sua Alma responde: – Se todo o bem me acontecer, o seu vazio vai desaparecer.
Qual você escolhe?