Já sentiu essa sensação de ter um buraco no peito?
Eu compreendo que, quando a pessoa ama, deseja vivenciar um sentimento profundo de partilha a dois.
Deseja vivenciar aquela sensação incrível de estar vivo, do peito explodindo, de que todas as flores são belas e que a vida é inconsequente e o que importa é o amor.
Mas não é isso que acontece.
O ser humano tem um mecanismo de carência.
Isto funciona da seguinte forma:
Ter um buraco no peito, provocado por séculos de privações.
Um buraco provocado por memória kármica, vidas e vidas cujas emoções não foram limpas, e que agora chamam por cuidados.
Um buraco provocado pela ausênciado Eu Superior, a sua alma – que no momento do nascimento fica lá em cima esperando que o ser se conecte para poder entrar e encher o seu peito.
Um buraco provocado também pela anulação da essência, depois de tantos séculos olhando para fora, para os outros: "Gostem de mim, gostem de mim".
Ora, este peito agora está escuro e frio. Está desolado e doente. E dói.
Pois bem, quando se apaixona, o que acontece?
O peito abre e explode de amor de uma hora para a outra? Não.
O ser passa a ir ao amor que vive dentro do peito, apesar da dor? Não.
Pura e simplesmente, o ser fica extasiado por finalmente ter encontrado alguém que desperta uma emoção tão forte que pode tapar o buraco.
Esse peito ainda não ama.
Esse peito ainda só quer parar de doer.
E, como não é amor, não pode durar muito tempo. E, mesmo que dure muito tempo, pode não ser muito bom.
Quando o peito perceber que a pessoa supostamente amada não preenche o buraco, irão começar as cobranças, irão começar as discussões, irá começar a confusão.
In O Livro da Luz de Alexandra Solnado