Karma ou Carma: é como um vírus. Entra devagar, silencioso, e vai invadindo a nossa vida. O vírus karma - também chamado carma - vai ocupando espaço, e quando percebemos o que está acontecendo, a vida já está toda minada.
O karma já se instalou de tal forma que limpá-lo é extremamente difícil. Assim como o vírus já invadiu as células de muitas partes do corpo, o karma - ou carma - já invadiu muitas áreas da vida.
A partir daqui: no caso do vírus vamos precisar de um médico para definir um tratamento, pois se não fizermos nada e o vírus continuar crescendo, vai ocupar todo o corpo provocando a falência dos órgãos e comprometendo o nosso bem mais precioso: a nossa vida.
No caso do karma vamos precisar de um terapeuta para definir um tratamento, pois se não o fizermos ele vai continuar invadindo cada vez mais áreas da vida até provocar a falência do nosso bem energético mais precioso: a nossa essência.
A não ser que consigamos identificar e limpar o nosso karma o mais depressa que possamos, cada minuto conta.
A cada dia ele vai se entranhar e modificar a nossa perceção da realidade.
A cada dia ele vai criar padrões repetitivos de comportamento que vão nos afastar de quem somos e começar a criar uma nova persona que só serve a ele próprio.
Karma – ou carma – significa uma dor de uma vida passada da qual não fizemos o luto. Não lhe demos significado lá atrás, quando a perda aconteceu. E como não chorámos essa dor, não drenamos essa energia, ela ficou no nosso sistema energético para sempre. Morremos na vida passada, nascemos nesta vida e ela continua aqui.
Nesta vida essa dor que está na nossa energia funciona como um imã. Ela nos faz atrair situações que provocam uma dor idêntica à da vida passada para podermos, depois de tanto tempo – às vezes séculos, às vezes milênios – poder chorá-la, para por fim libertar a energia enclausurada.
É importante notar que não atraímos situações idênticas. O que atraímos são situações que até podem ser diferentes, mas que provocam uma dor idêntica à da vida passada. A tal dor que precisa ser libertada.
Mas a verdade é que não conhecemos esta história.
Não nos lembramos de nada das vidas passadas. Não sabemos o que aconteceu.
A única coisa que começamos a conhecer é uma emoção estranha, muito pesada, que de vez em quando aparece. Que nos deixa muito tristes sem razão aparente.
E que é imensamente maior do que o evento que a causou. A sensação é de uma desproporção enorme. Como é que uma situação tão corriqueira pode causar uma dor tamanha? E como é que várias situações tão diferentes podem causar a mesma dor?
Chega uma altura em que já nos dizemos: eu conheço esta tristeza. Eu conheço esta angústia. Não é a primeira vez que a sinto.
E o que fazemos com essa dor? Normalmente uma de duas coisas – seria bom que fizéssemos uma terceira, mas quase nunca é o caso.
A terceira possibilidade, seria conseguir chorar essa tristeza sem perguntar de onde ela vem. Mesmo sem saber de nada dela. Chorar e pronto. Chorar tanto que ela teria que se ir embora. E se ela voltasse uns tempos depois, chorar outra vez. E outra vez, e ainda uma outra vez.
E iria chegar o dia que eu já saberia que ela estava a chegar, e começava logo a chorar, e esse choro iria demorar só um minuto. E ia passar. E nessa altura eu iria saber que finalmente consegui compreendê-la, domá-la, encaminhá-la.
Nessa altura a energia da dor enclausurada iria se libertar e o personagem de vidas passadas que sofreu a perda podia finalmente subir. Podia, finalmente, ter paz.
A palavra karma ou carma no budismo refere-se apenas ao início desta intrincada história. O Budismo fala da ação e reação.
Karma - Nós agimos e o Universo reage.
Nós recebemos o que fazemos. Sim, é verdade. Mas o budismo não considera o que acontece depois da reação do Universo. Vamos imaginar que eu faço alguma coisa terrível numa vida. Depois o Universo vai lá e envia-me uma situação terrível para que eu vivencie na pele o que fiz os outros sofrerem.
E eu, o que é que eu faço com a dor que essa situação me provocou?
E é aqui que entra a explicação completa do karma, que Jesus me ditou há alguns anos.
É óbvio que a primeira situação terrível que me acontece é fruto de algo terrível que eu fiz.
Mas a pergunta que se coloca aqui, é:
E se eu me revoltar, me vitimizar depois de vivenciar a tal reação do Universo?
O karma está limpo? Eu limpo karma só por ter vivenciado a situação terrível independentemente da minha reação a essa vivência?
Então por essa ordem de ideias eu posso fazer muito mal em uma vida, na vida seguinte vivencio uma situação terrível, e equilibro tudo. Acabou o karma.
Não. Não é assim que acontece. Era bom, não era?
E talvez seja por isso que Jesus sentiu necessidade de explicar o karma completo:
Resumindo: Karma ou carma é uma ação terrível que podemos praticar, e como muito bem diz o budismo, teremos uma reação do Universo. Iremos atrair situações que nos farão vivenciar o mesmo que provocámos aos outros, aquando da nossa ação.
Depois, dentro do nosso livre arbítrio iremos reagir a essa situação que atraímos do Universo.
E a nossa reação poderá ser como explicado acima:
E essa reação 1 ou 2, vivida vezes sem conta, vidas e vidas sem conta, vai criar um padrão repetitivo de comportamento que nesta vida vai ser difícil de corrigir.
Nesta vida vamos reagir como sempre reagimos nas outras. A não ser que consigamos compreender toda esta dinâmica de como as nossas reações antigas estão tão impregnadas na nossa energia como um vírus, tão difícil de exterminar.
E quanto mais reagimos como nas vidas passadas, mais vamos sendo o que éramos e menos vamos sendo o que viemos ser nesta vida. E a nossa essência vai nos abandonando.
Só quando olhamos para as nossas reações diárias e compreendemos que elas podem refletir o vírus do karma tão entranhado na nossa energia é que poderemos finalmente começar a pensar em limpar. Limpar não só as nossas ações, como as nossas emoções. E limpar principalmente as nossas reações repetitivas comportamentais.
Uma reação provém de uma emoção e uma emoção provém de um karma espiritual que por vezes está em nós há séculos. E é nossa missão - desde primeira vez que descemos a terra - limpar.
É mais do que nossa missão. Esta densidade emocional que habita a nossa energia é o motivo principal da encarnação, pois foi ela que nos puxou cá pra baixo desta vez. É este peso que faz com que não consigamos sair da roda das encarnações, é este nó que vimos cá a baixo curar para que possamos um dia poder voltar para casa.
Quanto mais vidas vivemos sem limpar as nossas reações e as nossas emoções, mais os padrões repetitivos do comportamento vão se fortalecendo e mais vai ficando difícil a nossa libertação do karma.
Mudar é coisa mais difícil do mundo, mas quando compreendemos que não queremos mais viver em restrição, quando compreendemos que merecemos a abundância, todos os esforços são válidos para que possamos mudar de caminho e assim mudar de vida.
O que está fora é igual ao que está dentro. Se olharmos para fora da nossa vida conseguimos compreender como está nossa energia. Porque atraímos o que emanamos. A vida está má? Muda a tua energia e a vida melhora.
Até porque a vida não é eterna, e o que nos resta viver, há que viver da melhor forma possível.
Porque como diz Fernando Pessoa: "O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela."